segunda-feira, 29 de outubro de 2012

CLUB, GANG OU LIFE MAGAZIN

Titulo estranho né? Mas é isso mesmo. Nenhum Motoclube é obrigado a existir, mas em existindo, torna-se obrigatório, a no minimo conhecer a história. Assim não sendo, acaba se tornando apenas mais um grupinho que se reune, coloca um desenho ans costas e nada mais.

É na historia que se encontra respaldo para um Motoclube, pois somente buscando seguir pelos caminhos dos que nos precederam, conseguimos encontrar o prazer que nos legaram.

Uma vez , ha muito tempo atras, alguem me perguntou porque na nossa "Garage" , havia uma foto da Revista Life de 1947, com uma faca encravada nela, com a palavra " damn" pichada sobre ela.

Pois bem, quem conhece a historia do motociclismo sabe do evento de Hollister - CA, quando na verdade os clubes se revoltaram contra a opressão da época. Isso não ocorreu porque fossem bandidos, mas sim, porque sua forma de ser incomodava a sociedade da época, a começar pelas suas proprias roupas. Imaginemos uma época onde os homens usavam calças largas e paletós e de repente surgem aqueles caras com roupas justas, de couro, barbas por fazer, bebendo na rua ( coisa inadmissivel na epoca). É obvio que a marginalização veio imediatamente, tornando-os praticamente execrados de qualquer possibilidade de convivio social. Os bares fechavam antes de sua chegada e em alguns pontos chegavam a fechar as ruas para que não pudessem passar. Eram figuras não queridas no convivio "social". O povo de forma geral, os tolerava, pois na grande maioria eram ex militares, e havia uma divida de gratidão da população para com eles, porem, as autoridades ( Policia) e os comerciantes, se achavam guardiões dos bons costumes e da moral, davam forças para qualquer ação contra os "desordeiros".

A revolta dos motoqueiros, nada seria, não fosse o apoio incondicional da mídia, que usou disso como meio de promoção e de sensacionalismo. Grandes manchetes começaram a ser estampadas sobre o "fim de semana negro", quando os revoltados "destruíram" Hollister.

Após o evento tudo teria ficado para tras, não fosse a intervenção da AMA que se sentiu na "obrigação" de encontrar e denunciar "um" culpado..citando então o pessoal do Bastards, numa forma de provar que não se podia culpar todos, pois apenas um fora responsável.

Bem, o fato aconteceu, a revolta houve, a acusação foi feita pela AMA, a imprensa sensacionalista teve seus dias de glória, e tudo teria sido deixado de lado, não fosse o fato da foto publicada em seguida na revista Life, que estampou na capa, um motoqueiro com uma garrafa de cerveja nas mãos, entre varias garrafas espalhadas no chão...Essa foto foi a gota d'água que faltava para transformar todos os que andavam sobre duas rodas, em marginais.

Life Magazin - Julho 1947

A população de forma geral, leitora da Life, passou a ver todos como uma afronta as "moralidade americana", muito pior que bandidos ou assassinos. Esse fato praticamente dividiu a historia do motociclismo e do clubismo.

Sabe-se que o primeiro Motoclube que se tem registro na historia, era feminino, as Motormaids, bem anterior ao Hells (1947) e até mesmo ao Outlaws (1936) e os varios que as seguirão, mantiveram caracteristicas semelhantes, até o final da segunda guerra, quando a sucessão de eventos culminou com o fatod e Hollister.

A partir de então, os clubes foram se fechando cada vez mais, criando regras diferenciadas para cada tipo de irmandade, buscando alternativas para existirem e tendo que impor seu lugar na raça, pois a capa da Life, levara a America inteira o que era um motoqueiro.

No Brasil, os motoclubes chegaram com a ideia importada,e seguiam basicamente os mesmos principios, porem, e ao final da segunda guerra, enquanto na America tudo isso acontecia, aqui os poucos MCs se readaptavam a realidade brasileira, optando por se tornarem mais associativos, começando a distanciar-se de suas origens americana, traçando uma nova historia.

Por essas e outras, é que nos, do BHB, achamos que vale a pena preservarmos a historia. Pelo sacrificio dos que nos precederam e até pelo que nós mesmos passamos na decada de 70, e nos sentimos atingidos sempre que vemos desavisados brincando de motoclube, alterando as simbologias, criando desenhos de brasões, enfim, jogando na lama o que foi conquistado a duras penas pelos antecessores.


Fonte: Black Horse Brazil MC

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

BRASÃO E MULHER



Hoje, conversando com alguns amigos, reabriu-se uma discussão antiga, sobre o uso ou não de coletes pelas mulheres do Black Horse.
Até meados do ano 2000, somente os homens usavam coletes no nosso clube. Não que diminuíssemos as mulheres, pelo contrário, o que não queríamos era expo-las a riscos desnecessarios.
Aí dirão alguns, mas que riscos?

Ora amigos, quando fundamos o Black Horse, na década de 70, nos Estados Unidos, a situação era muito diferente de hoje. Éramos uns contra os outros. Não se usava um colete para mostrar que éramos um clube, que éramos motoqueiros, mas sim, por diversas convicções de vida. Cada clube era um inimigo , até que provassem o contrário.

Uma forma de preservar nossas mulheres, era deixando-as fora de qualquer ligação com o clube. Arrancar um colete de um motoqueiro era uma coisa, porém, arrancar um colete de uma mulher era muito mais fácil, ou mesmo, nos atingir através delas. E quem sabe o que é um clube, sabe o que significa ter seu colete arrancado. É desencadear uma verdadeira tempestade.

Alem do mais, havia ainda uma agravante, pois para colocarmos nosso Brasão nas costas de alguem, essa pessoa teria (e tem) que fazer por merecer, o que significa passar por varias situações de extrema dificuldade para provar que é merecedor de ser nosso irmão, alem do proprio "batismo" em si, ja ser uma dura prova, e não havia como submeter as nossas mulheres a isso. E uma responsabilidade dessas ( usar um brasão) não pode ser feita por associação. É uma ação individual e exclusiva do membro.Da mesma forma que não usamos nome do membro, pois a ultima coisa que queremos é sermos reconhecidos ou conhecidos. O clube é um só, e todos temos um só nome, Black Horse.

Em 1999, numa reunião conjunta, optamos por fazer algumas modificações, considerando as caracteristicas do motociclismo brasileiro, e assim com muitas reservas, foi autorizado o uso do brasão pelas companheiras dos membros. Ação essa válida sómente para o Black Horse Brazil. E foi no ano de 2000, que nossas companheiras passaram a ter o direito ao uso do Brasão, DESDE QUE, quando o usassem estivessem na companhia do marido ou companheiro membro, tendo porem, a liberdade de usa-lo ou não.

O Black Horse Usa e Mex, continuam com a mesma postura inicial, ou seja, somente os homens podem usar nosso brasão. Da mesma forma, nenhum filho de membro pode usa-lo, se não for maior de idade, motoqueiro e desde que seja admitido de forma semelhante a todos os demais.

Essa nossa forma de agir, em nada desmerece as mulheres e as crianças, mas é apenas uma questão de principios que procuramos preservar. Ja houveram pedidos de ingressos de mulheres no clube, o que continua sendo terminantemente proibido. Somente os homens podem aspirar e ser aceito como membros.

Hoje, sómente aqui no Brasil, temos algumas de nossas companheiras que usam o brasão esporádicamente, e sempre acompanhadas do membro responsável, e nunca, em caso algum representam o clube.

Texto: Black horse Brasil MC

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

AMPLIEM A TELA E APAGUEM AS LUZES!



Quem viveu este esporte nos anos 80 certamente vai lembrar do estilo "freestyle", skatinho minísculo com pivôs em ambos os lados que permitia realizar verdadeiros malabares, estilo que demandava muita técnica e treino. Muito bem dito pela revista Inked, este estilo foi praticamente engolido pelo "street style", que por consequencia, acobou se transformando em uma mescla do "free". Um sobrevivente deste estilo, e que hoje em dia sabe perfeitamente mesclar o free com o street, o old com o new, é Kilan Martin. Agora some belas acrobacias, muito estilo, boa musica e um parque aquático abandonado no meio do deserto e entenda o porque este video faz parta da saga do KKB: "Amplie a tela a apague a luz!".


segunda-feira, 15 de outubro de 2012

TENHO MOTO. PRECISO DE UM COLETE



É interessante como com o passar do tempo, as coisas vão mudando de forma e de significado.
Ja mudaram os significados de alguns símbolos tradicionais, como a caveira e a águia, tão comumente usada pelos motoqueiros.
Aos poucos tudo foi sendo alterado e chegou aos coletes.
De algo que significava a própria vida de quem o usava, passou a ser uma peça de vestimenta sem nenhuma importância. Com brasão ou sem , com desenho nas costas ou sem, cheio de penduricalhos ou não, não importa, parece que associaram o colete a moto, ou melhor, a roupa.

Usava-se coletes de couro, como forma de separar. De identificar cada grupo, cada clube, cada filosofia. Era possivel saber em cada colete, cada brasão, quem era quem, qual grupo era e principalmente se era aliado ou não. Os brasões contavam a história, e em muitos era possivel até "ler" suas historias, apenas vendo seus brasões.

Num repente tudo se transformou e cada um passou a desenhar seu próprio colete. Não bastando isso, começamos a ver crianças usando coletes (com brasões), e em alguns casos ( boa parte pode-se dizer) nem se consegue ler o que esta escrito no colete, tal o numero de "artefatos" pendurados nele, que vai desde canecas, passando por um mar de botões, bandeiras e patchs, exatamente como numa vitrine ambulante. Ja vi vários coletes onde nem sequer o desenho do que deveria ser um brasão, se consegue decifrar, ja que até as costas, pano de fundo da bandeira do que deveria ser o Brasão e nada mais poderia ser fixado, tornou-se espaço para pacths...

Parece que agora o colete esta se associando a compra da moto: "Comprei uma moto, tenho que usar um colete. É a forma que encontrei para me colocar no mundo duas rodas."

O passo seguinte é enche-lo de bugigancas...
Enquanto sua função principal perdeu-se no tempo. Claro que existem aqueles que preservam devidamente a importância do colete e do brasão, mas são uma minoria.

Recentemente, estava eu na rua General Osório em São Paulo - Brasil, quando um coletado se aproximou de mim. Era de um numeroso ( vejam bem, eu disse numeroso), motoclube, e me perguntou, quase como uma intimação:

- "porque voce não faz parte do nosso motoclube? Ao que respondi , embora nem precisasse faze-lo pois eu estava de colete, que ja tinha MC e não poderia fazer parte de outro.

Voces não imaginam a cara de indignação do camarada :

- "mas o que tem isso, não ha nenhum problema. Temos varios de outros mcs que fazem parte do nosso".

Nem respondi...dei um leve sorriso e saí continuando a andar pela General Osório. Não merecia um réplica. Pude deduzir então que a maioria dos coletados nem sequer sabe o que estão fazendo dentro do colete e não sabem sequer o que significa carregar um brasão nas costas.

Mais recentemente, começaram a explodir os chamados motogrupos. No começo eram apenas grupos, mas logo, como não poderia ser diferente, adotaram o colete.

Esses então tendem acabar de vez com o que sobrou da história, congregando entre sí gregos e troianos, ou seja, qualquer um pode fazer parte de um ou vários motogrupos. Alguns até tentam ser um arremedo medonho de um mc...

Sabemos que a história está em constante mutação e construção, mas porque não preservar o que restou, criando nova história, sem macular a original. Restou aos que buscam a preservação dos MOTOCLUBES em suas filosofias originais, se unirem em torno do mesmo ideal, do mesmo valor e do mesmo respeito que sempre mereceu nossos BRASÕES e nossos COLETES. Felizmente isso está acontecendo, o que resta uma esperança de que nem tudo esta perdido.....


Texto: Black horse Brasil

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

HOJE É SEXTA-FEIRA, SABEM COMO É NÉ!









Uma pequena homenagem a nós que ainda somos crianças, mais só mudamos os brinquedos!




segunda-feira, 8 de outubro de 2012

EM 1 ANO SE VIVE MUITO!



Um ano rapidamente se passou e o que pude ver é uma família que rapidamente cresceu. Tivemos a despedida de alguns irmãos, mas fomos compensados pela chegada de novos, é a vida que segue, que se renova.

Desde setembro de 2011, pude acompanhar a história de vocês. Passei pela sede numa quinta a noite e perguntei se poderia, na outra semana passar por lá, para conhecer o moto clube. Fui recebido no dia por Laércio e Wilk, e vi na parede o escudo pintado. Na outra semana quando passei, estavam em uma reunião interna, decidindo o destino do então KCLA-Recife. Cordialmente fui convidado para passar por lá na outra semana, já que aquela era uma reunião para os membros. Passou mais uma semana e quando cheguei, o escudo tinha sido apagado da parede, e vocês estavam sem os brasões. Que confusão pensei!

O bom disso tudo foi que pude fazer parte deste nascimento, de um novo escudo, uma nova bandeira, mas não de uma nova família, já que vocês nunca deixaram ...de serem esta família unida que são até hoje. E poder conquistar o respeito e a amizade de cada um de vocês ficou sendo a minha meta. Não é fácil simplesmente entrar e fazer parte... tem que se merecer o respeito, e isso vem com o tempo, com as ações, com o caráter.

O tempo continuou passando e aos poucos estava eu fazendo parte desta família, família esta que me orgulharam muito indo para Caetés conhecendo a minha família de sangue, e me confortando no momento mais triste que tive na minha vida. Mas essa tristeza hoje dá lugar a saudade. E, digo a vocês, que tenho uma estrela lá encima me guiando nas estradas a fora. Essa estrela que brilha chamei, chamo e sempre chamarei de mãe.

E o danado do tempo não cansa, e continuou passando, e me colocando cada vez mais dentro dessa família, da família BROKK.

Hoje me encontro aqui, na frente de vocês para agradecer por tudo que vocês me passaram e me ajudaram. Cada um de uma forma diferente.

Orgulho-me muito da amizade de cada um de vocês. Muito! Espero poder sempre contar com cada um, e que vocês também tenham a certeza de poder contar comigo.

Aqui se comemora 1 ano do nome e do brasão, mas vocês, nós, comemoramos a amizade e o respeito de homens e mulheres com uma paixão em comum... MOTOCICLISMO, ESTRADA E POEIRA! BROKK!


Texto: Eldeney

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

AS MÃOS QUE ESCREVEM



Estava escrito que ele nasceria num lar modesto que lhe proporcionaria uma vida simples, mas maravilhosa. Não estava escrito que, ainda bem pequenino, não perceberia a presença num dado momento, e ausência num outro, de adultos que fariam falta no restante da sua vida. Estava escrito que seria parte da molecada na rua todo o tempo, quando a violência era reconhecida somente em filmes de gangsters, cowboys e histórias de guerra e revolução. Não estava escrito que teria a estranha sensação da perda de amigos na infância tão precocemente. Estava escrito que mesmo já tendo irmãos, viveria a feliz chegada de mais um irmão e uma irmã caçula.

Não estava escrito que aos quatro anos de idade levaria o primeiro tombo num veículo de duas rodas. Estava escrito que sairia ileso deste acidente agarrado ao “pneuzinho” de estepe de uma lambreta. Não estava escrito que presenciaria toda a agonia do seu pai por este primeiro e último vacilo, o de levar os três filhos mais velhos juntos pra uma “inocente” voltinha. Estava escrito que, como quase todo moleque do interior, se tornaria um exímio construtor de pipas, papagaios e afins.

Não estava escrito que entraria na escola e reduziria demasiadamente a molecagem na rua. Estava escrito, imperceptivelmente e por isso a contragosto, que teria acesso a um conhecimento com qualidade no ensino público. Não estava escrito que perceberia o lento afastamento de amigos que os pais não davam tanta importância aos estudos. Estava escrito que encontraria novas amizades e descobriria que o mundo era maior que as fronteiras do seu bairro. Não estava escrito que passaria a perceber que a dura labuta dos seus pais pra lhes proporcionar uma vida modesta, mas digna, era muito sacrificante. Estava escrito que entenderia algum tempo depois que aquilo era a coisa mais importante e principal razão da vida deles.

Não estava escrito que no momento que eles poderiam começar a colher alguns frutos, o destino os transformariam em órfãos de pai. Estava escrito que a mãe deles seria muito forte e guerreira pra seguir em frente, e sozinha, na criação dos seus filhos. Não estava escrito que era permitido a estas crianças e jovens começarem a viver sem a austera, mas justa e doce presença paterna. Estava escrito que, independente de quaisquer quereres, a vida simplesmente segue o seu rumo, incondicional e continuamente.

Não estava escrito que o mundo também seguiria normalmente em frente, sem se importar com as suas dor e dificuldades. Estava escrito que viveria na adolescência, em companhia de amigos como irmãos, a mais doce influência da contracultura, paz e amor e Woodstock, em puro rock and roll. Não estava escrito que está forte influência na adolescência permearia o sentido do seu viver por toda a sua existência. Estava escrito que a dedicação aos estudos poderia ser a melhor, senão a única, chance de lhes proporcionar melhores oportunidades na vida.

Não estava escrito que um dia ainda muito jovem precisaria partir em busca destas oportunidades. Estava escrito que descobriria que o trabalho duro e honesto pode não nos tornar rico, mas que com ele conseguimos sempre sobreviver pelas nossas próprias mãos. Não estava escrito que a primeira paixão da sua vida se tornaria a única por toda ela. Estava escrito que o primeiro amor da sua vida se tornaria o único por toda ela. Não estava escrito que seria possível duas paixões paterna surgirem nele precocemente e de forma tão arrebatadora. Estava escrito que mudaria o seu olhar sobre o mundo pelas lentes de uma máquina fotográfica e um velocímetro no meio do guidão entre dois espelhos.

Não estava escrito que um motociclista “veloz e habilidoso” sofreria as duras penas de alguns acidentes. Estava escrito que um motociclista “jovem e impetuoso” sofreria as duras penas de alguns acidentes. Não estava escrito à época que um jovem casal protagonizasse um “Easy Rider” por muitas centenas de quilômetros em lua de mel sobre duas rodas. Estava escrito que estas aventuras e paixões seriam as causas do tão recentemente citado triângulo amoroso entre estes enamorados e a motocicleta. Não estava escrito até onde a mente daquele moleque construtor de pipas, carrinhos de rolimã e outras engenhocas poderia levá-lo. Estava escrito que esta eterna busca do novo o levaria as alturas, literalmente, e a provar que fazer voar é bem mais difícil que voar. Não estava escrito que a vida seguindo, e a família crescendo, os levariam a diminuir as distância e freqüência das viagens em duas rodas. Estava escrito que a maior felicidade da vida deles, como na dos seus pais, quase se resumiria naquelas três “criaturazinhas”.

Não estava escrito que neste novo mundo saberiam o certo e errado na construção de um bom lar pra eles. Estava escrito que no processo de criação, errando menos pra acertar mais, temos grandes oportunidades de aprender a ser bons pais e melhores pessoas. Não estava escrito que antes de entender que este processo de criação havia praticamente terminado, as “criaturazinhas” partiriam mundo afora, onde pela distância, centenas passam a ser milhares de quilômetros, e milhares, que eles estão em outro planeta. Estava escrito que cada um deles encontraria o seu caminho e iniciaria por eles próprios um novo ciclo.

Não estava escrito que, por algum tempo, teríamos que viver com este sentimento de perda e quase abandono. Estava escrito, meio a contragosto, que retomaríamos a nossa própria vida, a partir de um determinado e não identificado ponto dela no passado. Estava escrito que acompanhando o caminhar destas “criaturazinhas” ao longe, “o longe” em duas rodas voltaria a ficar alcançável pra nós. O que sempre estará escrito, e pra todos nós, é que a vida é assim, construída em detalhes por acontecimentos que queremos que sejam escritos, e outros, que nunca desejaríamos que fossem, mas que ainda assim, e infelizmente, o serão.

O que está sendo escrito neste instante é a nossa dedicação e intenção de viver uma vida em duas rodas na sua plenitude, com muitas estradas, amigos e destinos incertos, acompanhada de uma visão sempre otimista de futuro, mas consciente que “OUTRA MÃO” pode estar escrevendo diferentes contextos pra ele. Como esta escrita está acima da nossa própria redação, e por ora, continuamos escrevendo nestas simples linhas a nossa compreensão da vida, exprimindo que nela devemos fazer o nosso melhor pra que o mundo seja decente pra todos, transformando isso na razão maior do nosso viver, que acreditamos ser os princípios e valores que norteiam a nossa existência como verdadeiros motociclistas. Pasmem. Escrevendo a parte que nos cabe da história pelas nossas próprias mãos.


Texto: Reinaldo Brosler